Duas melhores amigas de infância, separadas pelo tempo, se reúnem depois que uma delas, que perdeu os pais num ataque criminoso, inventa um tratamento que lhes dará poderes para proteger sua cidade.
Quinta produção de Melissa McCarthy com seu marido Ben Falcone na direção, o filme esbanja ousadia ao escalar duas protagonistas fora dos padrões de Hollywood para um filme de ação, o que, sem dúvida, é um ponto bastante positivo em tempos que pedem por uma maior inclusão social, algo que Melissa descreveu como "um exemplo de que qualquer pessoa pode ser um super-herói".
Apesar de estarmos habituados a ver Melissa McCarthy em papéis cômicos, ela foi indicada ao Oscar pelo drama Poderia me perdoar?, e sua parceira, Octavia Spencer, ganhou a estatueta por sua atuação em Histórias Cruzadas. De modo que, é curioso ver o que essa dupla é capaz de fazer nessa sátira aos filmes de super-heróis.
A química entre as duas melhores amigas da infância que se afastam e depois se reencontram para combater o mal, é boa, ainda mais pelo fato de ambas terem personalidades completamente diferentes, que se complementam. O jeito desbocado e engraçado de Lydia, compatível com a energia de seu poder de força, se sobressai e, portanto, oferece à Melissa McCarthy a oportunidade de brilhar e roubar a cena quase o tempo todo. Já a tímida e reservada doutora Emily, vivida por Octavia Spencer, tem uma presença mais apagada, parecida com o seu poder de invisibilidade, embora seja tão vital para a história quanto sua parceira mais animada.
No entanto, o entrosamento perfeito neste filme acontece entre Lydia e o "meliante" Caranguejo, interpretado por Jason Bateman. Esses dois atores transbordam carisma juntos e entregam algumas das mais absurdas e hilárias cenas do longa, com direito a uma estranha pitada de sensualidade.
O clima leve e debochado do filme favorece cenas que brincam com algumas situações comuns aos filmes do gênero de super-heróis, tais como as malucas experiências científicas que dão origem aos poderes, as roupas apertadas e os confrontos super verborrágicos contra os supervilões. Porém, em alguns casos, o diretor perde a mão e exagera no desleixo, criando situações que ultrapassam o nível do "nonsense" e beiram à infantilidade.
O político vivido por Bobby Cannavale, representa bem o estilo megalomaníaco inconsequente, e a vilã esquentadinha interpretada pela atriz Pom Klementieff, parece oferecer um bom desafio físico para as heroínas, mas o roteiro não possibilita muitas oportunidades para essa dupla fazer algo mais do que expressar-se de forma exagerada e repetir as mesmas ações o tempo todo, sem no entanto causar uma grande sensação de perigo ou de riso em quem assiste.
Com efeitos visuais que não impressionam mas servem ao propósito do filme de ser uma paródia de super-heróis, Esquadrão Trovão tem em sua trilha sonora, recheada de clássicos dos anos 1980/90, uma importante aliada para embalar o expectador num clima nostálgico de produções dessa época, além de tornar as cenas de ação bem mais empolgantes.
Ficha Técnica
Veredito: Com um plano de fundo que apresenta um mundo dominado por humanos malignos que ganharam poderes desde que a Terra foi atingida por raios cósmicos nos anos 1980, o diretor Ben Falcone se limita a mostrar algo mais rotineiro, uma ameaça local de um político, e seus capangas, tentando dominar Chicago, e uma equipe de super-heróis, de apenas duas pessoas, que pretende combate-los. Esse foco em poucos personagens e locações poderia ter rendido um melhor aproveitamento de cada um, no entanto, exceção feita à personagem de Melissa McCarthy, não é isso que acontece. O resultado então é um filme que diverte, fazendo rir em alguns momentos, seja pela graça ou pelo constrangimento, mas que não inspira muita vontade em ver de novo, nem gera grande expectativa por uma possível continuação.
Curiosidades
* Além de Esquadrão Trovão para a Netflix, Ben Falcone já dirigiu a esposa Melissa McCarthy nos longas Tammy: Fora de Controle, A Chefa, Alma da Festa e Crimes em Happytime, todos com boa audiência, mas mal avaliados pela crítica.
* Jason Bateman e Melissa McCarthy já atuaram juntos antes no filme Uma Ladra sem Limites, de 2013.
* Melissa McCarthy e Octavia Spencer nutrem uma amizade de mais de 20 anos na vida real e, segundo Spencer, o convite para interpretar uma super-heroína num filme foi uma grande surpresa e só poderia ter partido de um casal de amigos tão querido por ela.
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