A turma da mata, ou turma do Jotalhão, vive numa mata em meio a muitos problemas cotidianos e, nessa divertida releitura, Artur Fujita e Roger Cruz nos trazem muita fantasia medieval, aventura e uma boa pitada de intrigas.
Turma da Mata: Muralha - Crítica
Desde as fábulas de La Fontaine, ou mesmo antes com o filósofo Esopo, os animais são usados para representar aspectos da vida humana e sua sociedade. Nos anos 1960, Maurício de Sousa deu segmento a essa tendência criando a Turma da Mata, um grupo de animais falantes vivendo em uma espécie de reino, governado por um leão, que cumpre o papel de rei, e seus súditos, quase sempre insatisfeitos com alguma coisa (qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência).
Nessa adaptação escrita por Artur Fujita se destaca uma inesperada e bem vinda maturidade dada aos personagens. Claro que o humor está presente, mas quase todos os membros do grupo tem os seus dramas e jornadas pessoais bem desenvolvidos e explorados pelo autor, de modo que se torna ainda mais fácil torcer e se importar com seus destinos.
Todo o cenário criado para a mata e o reino são muito bem estruturados, numa mistura de terreno medieval com tecnologia steampunk, com suas máquinas e veículos a vapor, resultam no pano de fundo ideal para contar uma boa história de aventura, no melhor estilo RPG.
O visual criado pelo desenhista Roger Cruz, conhecido de quem acompanhava os quadrinhos dos X-men na década de 1990, juntamente com as cores de Davi Calil, reforçam essa sensação de estar vendo um livro de RPG, com seus guerreiros, ladinos e magos, porém com criaturas antropomórficas meio animais, meio humanas.
A história foca no Jotalhão, o personagem mais conhecido da turma, que vive uma vida pacata, com um trabalho ingrato no castelo real, onde foi criado desde que seu pai morreu em combate contra o antigo monarca do reino. Mas há muito mais camadas a serem descobertas na trama. Existe todo um contexto político na exploração de um importante minério na região da mata, o conflito armado a que isso leva, e um clima de intriga e traição pairando no ar o tempo todo.
Como acontece em outras obras dessa linha, os personagens aqui também foram muito bem adaptados, com alguns pequenos ajustes.
Jotalhão é o mesmo sujeito "do bem", amigo de todos e desajeitado, porém, devido a alguns traumas do passado, reluta em assumir o papel de herói e grande protetor da mata. Rita Najura é retratada como uma espiã ágil e boa de briga, mas também nutre a mesma paixão pelo Jotalhão da personagem original. Raposão é esperto e meio malandro. Coelho Caolho é corajoso e vive às voltas com os problemas causados por seus inúmeros filhos, mas aqui ele realmente é caolho. O maquiavélico Fuinha e seu comparsa fortão, o Furão, tentam levar vantagem às custas dos outros, da mesma forma que os originais, e convencem em seus papéis de vilões, durante a maior parte da história.
Toda essa atmosfera, cenário e personagens carismáticos tornam a leitura interessante e criam uma grande expectativa para o final. E é justamente aí que os autores pecam um pouco.
A batalha final no castelo é um tanto confusa, com vários personagens e coisas acontecendo ao mesmo tempo. O autor até fortalece o frágil Fuinha com uma armadura robótica, reforçando o conceito de que, depois de tantas intrigas e planos, no final tudo se resume a quem tem mais força bruta. Não que isso seja ruim, mas senti falta de outro confronto individual e pessoal épico, com gosto de vingança, no estilo daquele que abre a história. Porém, o grande ato de heroísmo do Jotalhão, que acontece logo a seguir, acaba compensando isso e fechando a trama de forma digna.
Ficha Técnica
Conclusão: A Turma da Mata é mais uma ótima adaptação da obra de Mauricio de Sousa, que traz todo um leque de possibilidades com um cenário rico e personagens bem trabalhados, sem perder a essência e a diversão do material em que se inspirou. O roteiro é bom e positivamente maduro, e a arte reproduz com maestria o clima de ação medieval a que a trama se propõe. A batalha final poderia ser mais épica, mas não é algo que estrague o desfecho ou o prazer de ler e viver essa bela aventura.
Galeria


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