02/06/2021

Review: Astronauta Magnetar


O Astronauta visita uma galáxia distante para estudar um magnetar, mas uma falha deixa sua nave danificada e sem comunicação. Agora, "náufragado" no espaço, ele precisa encontrar uma forma de escapar antes de enlouquecer.






Astronauta Magnetar - Crítica

De todas a criações de Maurício de Souza, o Astronauta é uma das mais controversas. Retratado como uma espécie de herói nacional, o personagem viaja pelo espaço sempre em contato com as mais variadas civilizações alienígenas. Porém, sua solidão fica evidente quando ele se dá conta de que há muito tempo não visita a Terra ou vê outro ser humano. Embora, em geral, as histórias da turma da Mônica tenham o humor como principal característica, as aventuras do Astronauta muitas vezes são embaladas por uma certa melancolia que contrasta com a figura do herói destemido e orgulhoso que ele representa. 

Todas essas características são elevadas ao extremo na releitura de Danilo Beyruth para o personagem, visando uma temática mais adulta. A história tem início com o Astronauta ainda criança, conversando com o seu avô. O passado do personagem na Terra será determinante mais a frente, quando iremos entender o quanto suas escolhas modificaram a vida das pessoas que ele amava e a sua própria. O fato é que, diante da grandiosidade das missões espaciais, sua vida pessoal ficou tão em segundo plano, que apenas uma situação limite foi capaz de inverter esses papéis.

Confiante nas suas habilidades, o herói não hesita em investigar uma estrela que entrou em colapso, tornando-se um Magnetar, um corpo massivo que emite ondas de radiação destrutivas. Um erro tolo faz com que a conhecida nave esférica do Astronauta fique presa ao asteróide onde atracou, transformando-o num náufrago espacial que deve lutar para sobreviver, enquanto espera um resgate bastante improvável. 

No início o herói se mostra otimista, mantendo uma rotina que é retratada por Beyruth de forma bastante criativa. Mas, com o passar dos dias, sua fisionomia se transforma e vemos um homem à beira do desespero, delirante e atormentado pelos fantasmas de uma vida que ele deixou para trás. É aí que a trama ganha em profundidade, e a dor e o arrependimento por ter abandonado sua família, seus amigos e sua amada Ritinha se tornam para ele um fardo tão insuportável quanto o drama do isolamento.


À medida que os recursos e o suporte de vida da nave vão ficando escassos e os riscos de contaminação por radiação aumentam, é quase impossível ao leitor deixar de temer pelo destino do personagem, ainda mais sendo uma figura que muitos associam a sua infância ou a de seus filhos, sobrinhos ou netos. E o autor mantém o suspense até o final. É apenas na última página que descobrimos se a fuga desesperada do herói é bem sucedida ou não. 

Apesar disso, numa leitura mais atenta, fica a impressão de que, perto do final, o autor chegou até certo ponto na loucura do personagem e então começou a recuar lentamente até uma "zona de conforto". Não é nada que tire o brilho da obra, mas é suficiente para causar uma pequena oscilação no ritmo quase perfeito que se desenrolava até ali.  

O capricho do autor na produção do roteiro se estende à arte que é de um refinamento digno dos quadrinhos europeus. O traço arrojado de Beyruth em conjunto com as cores quentes de Cris Peter resultam num belo espetáculo visual. E a produção da Panini não deixa por menos, criando um álbum com ótimo acabamento e preço justo.

Esse é apenas o primeiro volume dessa nova empreitada dos estúdios de Maurício de Souza no mercado de HQs, mas se o nível se mantiver, me arrisco a dizer que a linha Graphic MSP tem tudo pra se tornar referência no que diz respeito a quadrinhos nacionais de alta qualidade.  


Ficha Técnica



Veredito: Astronauta Magnetar inaugurou com chave de ouro a linha Graphic MSP, um projeto que visa reapresentar as clássicas criações de Maurício de Sousa sob a ótica de outros talentosos nomes do cenário dos quadrinhos nacionais. Nessa edição de estreia, Danilo Beyruth traz uma aventura, com fortes traços de drama e terror psicológico, de uma forma madura, mas ainda assim reconhecível a quem acompanhava o material original, com uma bela arte e um roteiro de qualidade.   

 


Galeria

 



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