Uma das franquias mais lucrativas do cinema na atualidade, Transformers volta às origens com uma animação sombria que aborda o final da guerra entre Autobots e Decepticons pela conquista de Cybertron.
Transformers War for Cybertron 1 - Crítica (sem spoilers)
Sou fã dos Transformers desde a infância, tendo colecionado algumas miniaturas numa época em que elas ainda eram de ferro. Curtia muito o desenho animado original e a ótima série Beast Wars, mas confesso que de lá pra cá meu entusiasmo foi diminuindo após ver o tom infantilizado dos desenhos mais recentes e o visual bacana mas com histórias fracas dos filmes.
Foi então que soube que a Netflix estava trazendo ao seu catálogo uma nova série em anime dos robôs transmorfos e decidi dar uma chance. Siege, ou O Cerco, é a primeira parte de uma trilogia, que já tem as continuações garantidas, e se passa toda em Cybertron, contando a fatídica conclusão do conflito Autobots x Decepticons, antes de sua partida para a Terra.
Ideologias conflitantes
Normalmente o que se vê na maioria das produções sobre os Transformers é a eterna luta do bem contra o mal, representados respectivamente, pelo seguro e incorruptível Optimus Prime, e sua contraparte, o tirano e traiçoeiro Megatron.
Aqui também temos esse conflito, mas ele vai muito além da mera oposição, acrescentando camadas de complexidade e filosofias distintas aos personagens. Megatron possui as marcas da opressão do regime anterior e, ao ascender e tomar o poder, tem por ideal manter a ordem e se assegurar de que os Autobots nunca mais controlem Cybertron novamente. Optimus, por outro lado, acredita que a ordem imposta por Megatron escraviza a vontade do povo, eliminando qualquer resistência aos que pensam diferente. É algo bem mais próximo do que vemos entre Xavier e Magneto, por exemplo, com tons de cinza entre o lado bom e o lado mal. No final ambos compartilham de um mesmo objetivo que é o de unificar o povo e salvar o planeta da extinção, mas cada qual por um caminho diferente.
Optimus é um líder bem menos confiante e inspirador do que estamos acostumados a ver, cometendo erros que custam a vida de seus comandados e buscando soluções desesperadas para tentar equilibrar as forças de uma guerra onde os Decepticons estão em larga vantagem. Megatron por outro lado vê crescer seu ódio pela recusa de Optimus em aceitar a sua proposta de paz e se render, o que faz com que ele vá se corrompendo e perdendo seu código de honra, aos poucos, e cada vez mais.
Personagens profundos (mas nem tanto)
Além dos líderes, Optimus Prime e Megatron, há uma boa quantidade de personagens que se destacam ao longo dos seis episódios do anime.
Por se tratar de uma produção ligada ao lançamento de uma nova linha de miniaturas, é natural que a Hasbro, gigante do ramo de brinquedos e dona da marca Transformers, queira que o máximo de robôs tenham algum momento para brilhar. E os produtores fizeram isso distribuindo ações a quase todos os Autobots e Decepticons que participam da trama.
Por um lado isso é bom pois temos personagens de todos os tipos e para todos os gostos, criando uma série de coadjuvantes bem interessantes, tais como o habilidoso Wheeljack, o engenhoso Ratchet, o odioso Starscream e o diabólico Shockwave.
Por outro lado temos o pouco tempo de tela para aprofundar melhor cada um deles, e mesmo personagens mais importantes como o Bumblebee, que teve mudanças significativas em relação às suas versões anteriores de outras mídias, acabam tendo um desenvolvimento abaixo do esperado.
Trama e visual
A história é situada num ponto em que a guerra já devastou grande parte do planeta, dizimando quase todos os Autobots e obrigando os poucos membros da resistência a se esconder enquanto fazem planos cada vez mais arriscados em busca de algo que lhes permita virar o jogo. Essa esperança é renovada quando uma espécie de ponte de teletransporte é encontrada quase ao mesmo tempo em que uma fonte de allspark, o poder que deu vida aos habitantes de Cybertron, tem sua existência comprovada. Isso inicia uma corrida para ver quem será capaz de acessar esse poderoso recurso primeiro. Os Decepticons querem usar o allspark para reprogramar os Autobots a seu favor, enquanto Optimus está decidido a leva-lo para fora do planeta.
Com um tom bastante sombrio e nem um pouco preocupado em esconder os horrores da guerra, essa produção se diferencia de outras da franquia, não sendo nada recomendável para crianças. Ao contrário, acredito inclusive que o público alvo seja mesmo adultos nostálgicos e outros que busquem saber um pouco mais sobre o passado pouco explorado dos Transformers em sua terra natal. Uma pena apenas que muita coisa tenha sido deixada para os dois últimos episódios, o que fez com que o ritmo desses tivesse de ser bastante acelerado.
Por conta do clima pesado, o visual do anime tem um tom escuro e desolado, com muita fumaça e destruição por todos os cantos. Ainda assim, os belos gráficos em 3D animados pelo mesmo estúdio do ótimo Knights of Sidonia, são bonitos e claramente inspirados nos moldes dos próprios action figures produzidos pela Bandai, que por sua vez são inspirados nos designers originais da primeira série animada. Por serem mais "quadradões" e retilíneos é notória uma certa dificuldade do estúdio em dar fluidez aos movimentos dos robôs, principalmente em cenas de combate, mas devo dizer que isso em nada atrapalha a experiência de ver essas empolgantes batalhas. A preocupação dos animadores com os detalhes foi tanta que até arranhões e "cicatrizes" de guerra podem ser vistas quando a câmera se aproxima dos Transformers.
A trilha sonora também acerta em cheio com seu estilo de música eletrônica, o que combina bastante com o cenário futurista da bela porém destruída Cybertron.
Ficha Técnica
Veredito: Sendo eu mesmo um entusiasta da franquia Transformers que há tempos esperava por um produto diferenciado com um conteúdo um pouco mais denso, devo dizer que me surpreendi com esse anime. O clima realmente é quase pesado demais no começo, com um tom de angústia e desesperança que chega a sufocar quem torce e simpatiza com a causa dos Autobots. Já para os que curtem o time dos "malvadões" Decepticons, fica a surpresa de ver um Megatron mais humanizado que deseja destruir seus inimigos, não por pura maldade, mas por um ideal em que ele acredita. Com o passar dos episódios e já conhecendo, ou reconhecendo, boa parte dos personagens é possível curtir mais, se importar com eles e não mais vê-los como simples "buchas de canhão". As missões também vão ficando mais interessantes a ponto de eu me pegar desejando que os últimos dois episódios tivessem mais tempo do que os seus parcos 22 minutos convencionais. Por isso, recomendo sim essa primeira temporada de Transformers War for Cybertron, torcendo para que as próximas duas partes sejam ainda melhores.
Líder da resistência contra o autoritário regime de Megatron.
Optimus é um líder nato e muito capacitado para o combate. Heróico e autruísta, não hesita em se colocar em perigo para defender os mais fracos, ou lutar pelo bem maior.
Megatron
<Decepticon>
Megatron
<Decepticon>
Atual regente de Cybertron, Megatron conta com o apoio da população local, comandando a todos com mão de ferro contra a resistência imposta pelos Autobots, a quem quer destruir a todo custo. Combatente perigoso e altamente treinado.
Ultra Magnus é o primeiro a reconhecer que a liderança de Optimus está em baixa e tenta ele mesmo resolver o conflito apelando para a honradez do Megatron que ele um dia conheceu.
Bumblebee se orgulha de ser um sobrevivente, negociando com quem puder pagar e não sendo fiel a nenhuma causa além da sua própria. Tem um grande talento para encontrar energon.
Pacifista, usa armas apenas para se defender.
Braço direito de Optimus, segunda em comando e sua principal conselheira e confidente. Exímia combatente e estrategista.
Nutre sentimentos, correspondidos, por Optimus, mas que não a impedem de discordar de suas decisões quando necessário.
Jetfire
<Decepticon>
Nutre sentimentos, correspondidos, por Optimus, mas que não a impedem de discordar de suas decisões quando necessário.
Jetfire
<Decepticon>
Comandante dos Seekers, o esquadrão aéreo de Megatron.
Cumpre suas ordens com precisão, mas não concorda com o uso de violência excessiva, mesmo contra o Autobots, o que o coloca sempre em choque com o insidioso Starscream.
Resenha escrita, produzida e publicada por Marcelo Cardoso em 29/08/2020.
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