Uma das mais aguardadas fases dos X-men nos últimos tempos finalmente chega ao Brasil! O aclamado escritor Jonathan Hickman promete revolucionar o universo dos mutantes com dois títulos que tem suas primeiras edições aqui!
X-men 1 - Crítica (sem spoilers)
Não é segredo que a Marvel vinha deixando os mutantes de lado nos últimos anos por conta dos direitos de produção de filmes para o cinema estar nas mãos de outro estúdio, no caso a Fox. Mas eis que surge afinal uma possibilidade em 2019 da Disney, dona do Marvel Studios, trazer de volta esses personagens, o que de fato acabou se concretizando, e então um roteirista de peso foi chamado para criar algo realmente grandioso para os X-men, seu nome: Jonathan Hickman.
Conhecido por suas longas passagens em títulos como o Quarteto Fantástico e os Vingadores, Hickman tem um estilo marcante que carrega nos diálogos e aposta na criação de um cenário bem consistente, muitas vezes com pitadas de ficção científica, e um ritmo cadenciado de quem não tem pressa de entregar algo em conta-gotas desde que o resultado final seja bom, e geralmente é.
Não é incomum também o autor se utilizar de linhas temporais diferentes para contar suas histórias, algo que vemos aqui com Dinastia X, que se passa mais nos dias atuais, e Potências de X, que tem a maior parte das ações focadas em momentos específicos no futuro.
No universo do autor existem 4 linhas temporais: Xº corresponde ao ano 1 de Charles Xavier, quando ele ainda era jovem, anterior à criação dos X-men; X¹ ou ano 10, que equivalem aos dias atuais; X² corresponde a 100 anos no futuro; e X³ mil anos no futuro. Parece confuso a princípio mas Hickman teve a boa sacada de colocar textos explicativos dos principais acontecimentos e elementos-chave de cada era, poupando assim, muitas e muitas páginas de explicações ou histórias secundárias. Pode parecer chato interromper a leitura convencional de HQs para ler textos e tabelas explicativas, e sim, você vai ter que ler todos eles para entender a história, mas o resultado final é recompensador, pois a forma como foi feito realmente ajuda a tornar tudo mais crível e imersivo.
Basicamente temos quase todos os mutantes do planeta, incluindo os vilões, vivendo em Krakoa, a ilha viva que foi a antagonista da primeira missão da segunda formação dos X-men marcando a estreia de Wolverine, Tempestade, Colossus e Noturno na equipe, sob o comando de Xavier. O bom e velho professor X aparece com um visual misterioso, um capacete sinistro, caminhando normalmente e com uma postura bem menos amistosa que a de costume. Inclusive, toda a ideia em torno das plantas milagrosas sendo usadas como moeda de troca para conquistar a soberania da nação mutante e a atitude neutra diante dos discursos anti-humanidade de Magneto, só reforçam que esse novo Xavier não está disposto a aliviar para o lado dos humanos.
Apesar de apresentar alguns novos personagens interessantes, em especial uma garota chamada Rasputin que aparece na era X², é notável a ausência dos principais X-men nessas primeiras edições. Houve sim algumas pequenas participações do Ciclope, Jean Grey e Wolverine, mas é bem menos do que um fã da equipe poderia esperar de uma edição número 1 de X-men. Mas acredito que isso possa ter sido proposital, para mostrar que o evento afeta todos os mutantes e não só os "medalhões" da Marvel.
A arte tanto de Dinastia X quanto de Potências de X (título esquisito mas que possui certa coerência) são boas e trazem um meio termo interessante entre o cartunesco e o realista, com tons de cores que lembram títulos de sci-fi. A escolha dos desenhistas pode parecer inusitada, pois não temos nenhum grande nome, mas tanto Pepe Larraz quanto o brasileiro R.B. Silva dão conta do recado, são artistas em ascensão nos EUA e já trabalharam em títulos X e até mesmo em projetos anteriores de Jonathan Hickman, como revelado nas entrevistas nas páginas finais da revista, um belo bônus para quem deseja conhecer um pouco dos bastidores da nova fase.
Em termos de produção, apesar de um episódio estranho envolvendo pré-vendas canceladas na Amazon, a editora Panini fez um bom trabalho trazendo uma edição bonita, com capa cartão envernizada, orelhas, papel de boa qualidade e um cartão postal de brinde, por um preço razoável. O ponto negativo a meu ver foi a redução da fonte dos textos, visivelmente menores do que a de outras edições semelhantes. Talvez a razão tenha sido a grande quantidade de texto presente nas histórias, é algo que não atrapalha a experiência de modo geral, mas pode vir a incomodar alguns leitores.
Ficha Tecnica
Veredito: Gostei bastante dessa primeira edição dos X-men do Jonathan Hickman. Ainda é cedo pra dizer se justifica todo o hype que foi criado, mas sem dúvida trata-se de um material diferenciado. Como outros trabalhos do autor, não é algo para se ler com pressa, e muito provavelmente você vai querer reler alguns trechos de edições anteriores para ver se algumas coisas do futuro se encaixam. Portanto, não se preocupe se a princípio ficarem algumas dúvidas, pois elas deverão ser sanadas mais tarde. Do ponto de vista de um fã dos X-men clássicos não dá pra dizer que tive muitos momentos de empolgação, talvez o maior, curiosamente, tenha sido com um vilão, um certo mestre do magnetismo... mas Hickman cumpriu bem seu papel de criar uma base sólida e instigar a curiosidade pelo o que está por vir, então o saldo desse primeiro encontro é pra lá de positivo.
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