Mickey e Pateta Pé na Estrada - Crítica
Levemente inspirada no romance Pé na Estrada (On the Road) escrito por Jack Kerouac em 1957, essa pequena graphic novel em duas partes teve a difícil tarefa de adaptar um material de conteúdo adulto, e considerado polêmico até hoje, para o universo cômico e familiar dos quadrinhos Disney.
E o esforço da dupla de quadrinistas italianos Fausto Vitaliano e Paolo Mottura é muito válido nesse sentido.
Apesar de não trazer quase nenhum drama, situação ou personagens mais pesados do livro, concentrando a ação na dupla de protagonistas e em cenas mais leves e bem humoradas, o espírito aventureiro e o sentimento de liberdade, proporcionado pela decisão de botar o pé na estrada, estão presentes aqui.
Na trama, Mickey é um jovem entusiasta da ideia do "sonho americano" na década de 1950, e decide que irá publicar o romance que escreveu, custe o que custar. Porém, após várias recusas, ele acaba aceitando uma missão, do dono de uma editora, que consiste em atravessar o país, da costa Oeste até a Leste, a fim de entregar duas bobinas de papel numa gráfica em Nova York. Tudo isso em troca da publicação do seu livro.
Ao chegar na estação de trem, Mickey descobre que perdeu o dinheiro para as passagens. É aí que encontra Pateta, um jovem andarilho, fã de filosofia, que adora viajar, sem rumo e sem dinheiro, se virando como pode e sempre contando com a sua sorte, seu talento, e a ajuda das pessoas que encontra pelo caminho.
Os dois decidem então viajar juntos até o destino de Mickey, superando suas diferenças, aprendendo um com o outro e tentando escapar das garras de estranhos perseguidores.
O restante da história é um tanto genérico, inclusive a atuação dos "vilões" e o motivo para eles perseguirem tanto a dupla de amigos, e parece existir apenas para levar os protagonistas de um local para o outro, sem muita inspiração. O mais interessante acaba sendo as frases filosóficas do Pateta, que é levemente mais "malandro" e irônico do que estamos habituados a ver, e os seus divertidos momentos "por acaso eu sou...", encaixando profissões de acordo com o que o momento pede.
Aliás, apesar de vermos a história do ponto de vista do Mickey, o Pateta é de longe o personagem mais bem desenvolvido da trama e o mais próximo do que o livro original representa, chegando a, inclusive, contagiar seu cauteloso companheiro com o seu jeito livre e aventureiro de ser.
Mas, o grande destaque de Pé na Estrada é a arte limpa, carregada de referências dos anos 1950, e até mesmo um pouco ousada do desenhista Paolo Mottura. Seu traço e a representação que ele faz de cada lugar por onde a história se passa é o que realmente nos move a continuar seguindo em frente, e o fato de a historia ser tão curta, com apenas dois capítulos, parece ser um desperdício desse talento. O mesmo motivo que me faz sentir um pouco incomodado com o uso de capa dura e um formato "gigante" para uma edição com tão poucas páginas de quadrinhos.
O restante do espaço é preenchido com bons extras que mostram o perfil dos autores, citações e curiosidades que relacionam essa graphic novel ao livro, além de belos esboços da arte de Mottura.
Ficha Técnica
Veredito: Adaptar um livro que inspirou gerações e influenciou cineastas na produção de inúmeros "road movies" não é tarefa fácil. Essa edição de modo algum é um retrato fiel da obra que a inspirou, mas pode ser vista como uma homenagem, mais séria e com menos tom de paródia do que se poderia esperar de uma produção Disney, mas ainda conservando a essência que faz de Mickey e Pateta personagens tão queridos. O roteiro existe apenas para dar o tom de aventura, sem muita profundidade, destacando a bela arte, essa sim bastante inspirada, e que faz valer a pena dar uma conferida nesse material.
Galeria
Para adquirir essa HQ, acesse: https://amzn.to/3u8PdcJ
Para mais reviews de quadrinhos acesse: Quadrinhos!
Gostou desse conteúdo? Compartilhe nas suas redes sociais! Se quiser, deixe também a sua opinião nos comentários!
Nosso canal no Instagram: @planeta.heroi
Nenhum comentário:
Postar um comentário