22/08/2021

Review: O Esquadrão Suicida


Tiro, porrada e bomba, altas doses de violência, humor, besteirol e cenas de ação memoráveis sob a direção de um James Gunn sem amarras criativas, tornam O Esquadrão Suicida um filme divertido, imprevisível e repleto de personagens carismáticos!





O Esquadrão Suicida - Crítica (sem spoilers)

Em Agosto de 2016 estreava o filme Esquadrão Suicida, com direção de David Ayer e um elenco encabeçado por Will Smith. Havia uma grande expectativa na época por um filme com personagens pouco conhecidos do universo DC, ainda mais depois do sucesso de Guardiões da Galáxia pelo Marvel Studios alguns anos antes. 

Mas, infelizmente, o filme acabou não agradando aos fãs, o que tornava uma sequência algo bastante improvável. Pelo menos até a chegada de James Gunn (o diretor de Guardiões da Galáxia, vejam só). Desligado da Marvel por questões pessoais, Gunn foi convidado pela DC para fazer um novo filme com o Superman. Porém, ao invés disso, o diretor disse que estava mais interessado em dar uma nova chance ao Esquadrão Suicida, desde que tivesse liberdade criativa para realizar o filme do seu jeito. O resultado é esse longa, sobre o qual iremos comentar.

A primeira coisa a se dizer sobre O Esquadrão Suicida é que, apesar de manter alguns personagens e apresentar uma premissa semelhante a de seu predecessor, com criminosos cumprindo missões secretas, extremamente perigosas, para o governo em troca de redução de suas penas, a história é totalmente nova, de modo que não é preciso ter visto nenhum outro filme do DCU (universo cinematográfico DC) para compreender esse.


O início do filme, inclusive, mostra o recrutamento de um detento, o Sábio, para sua primeira missão na Força Tarefa X, sob ordens da implacável Amanda Waller e liderança do valoroso coronel Rick Flag, servindo como uma espécie de introdução também para o público.

O filme todo consiste numa única e complexa missão: invadir a ilha de Corto Maltese e destruir um centro de pesquisas que está de posse de uma arma que coloca em risco toda a população mundial.

Já na primeira parte da missão, a ideia de que poucos sobreviverão a essa jornada fica bastante explícita, o que faz sentido dado o nome do grupo. E, apesar de algumas escolhas óbvias, o diretor trabalha muito bem cada um dos personagens, de modo que cada morte, mesmo que esperada, é sentida. 

Conforme a trama avança temos a sensação de que ninguém está realmente a salvo, o que nos faz temer a morte de algum dos nossos preferidos. Ah, e mesmo sendo um grupo de vilões é muito difícil não se apegar a pelo menos um deles, tamanho o carisma e a entrega dos atores aos seus personagens. 


Margot Robbie mais uma vez encarna sua Arlequina de forma deliciosamente insana, ainda que sua participação tenha sido um pouco reduzida para permitir que outros também tivessem destaque. Sendo assim, somos surpreendidos com performances apaixonantes de ilustres desconhecidos como o lunático Pacificador, o horrendo/fofo Tubarão-Rei, o esquisito Homem-bolinha e o coração do grupo, a simpática Caça-Ratos 2. Idris Elba estreia na franquia como o Sanguinário, um personagem que se distancia do Pistoleiro de Will Smith logo no início ao trocar insultos com sua filha problemática e adolescente. A dinâmica entre o Sanguinário e o Pacificador é uma das muitas ótimas interações que James Gunn criou para o grupo, algo que foi uma das marcas de sucesso de seu trabalho com os Guardiões.

Outra marca registrada do diretor é a trilha sonora, que mais uma vez embala quase todas as cenas com variações que vão de mitos como Johnny Cash e a banda Kansas, até o funk "Quem tem Joga", uma parceria entre Drik Barbosa, Gloria Groove e Karol Conká, que toca ao fundo numa cena de bar.

Assumindo com entusiasmo o ridículo das situações, dos personagens e seus poderes, Gunn carrega a tela com cores e cenas lindamente filmadas e montadas de modo a trazer uma violência gráfica que, apesar de bastante explícita, é tão estilosa que se encaixa perfeitamente no tom escrachado e exagerado do filme. 


Os diálogos, que tendem a assumir um teor cômico, por vezes causam incômodo,  em outras um sorriso de ironia, uma gargalhada ou então um suspiro gracioso. Essas muitas emoções ajudam não só a nos apegarmos a certos personagens (e a odiarmos outros), mas também para compreender melhor suas motivações, e suas escolhas, no terceiro e último ato do filme, em que algumas questões morais e sociais são abordadas.

Apesar de não ser o foco da trama, é possível encontrar aqui uma forte crítica a governos e instituições que colocam seus interesses escusos acima das vidas humanas, manipulação da mídia, e ditadores que se revezam num regime de violência e opressão de seu próprio povo. Tudo isso "escondido" em meio a uma produção que muitos dirão ser uma bobagem, violenta e fantasiosa, o que realmente poderia ser o caso, não fosse a qualidade que um profissional como James Gunn é capaz de agregar. Mais do que só acertar no que o filme anterior falhou, o diretor trouxe identidade e atitude a essa nova versão do Esquadrão, além de muito mais profundidade a cada um de seus membros.


Ficha Técnica


Veredito: Com uma história original, em formato episódico com capítulos apresentados de forma criativa, inspirados nos quadrinhos de John Ostrander, O Esquadrão Suicida é uma epopeia violenta e cínica comandada por um diretor que brinca com o absurdo e faz com que o público se apegue a personagens desajustados para depois mata-los de uma forma horrível mais à frente. E isso é divertido? Sim, muito! Talvez esse não seja o melhor filme da DC Comics, ou do próprio James Gunn, e certamente não é para todas as pessoas, mas tem ação e atitude o bastante para se destacar entre os bons filmes lançados em 2021. 



Galeria 






Curiosidades

* David Ayer quase comandou uma sequência de Esquadrão Suicida antes do "reboot" ser planejado. Contudo, ele acabou sendo retirado do projeto graças às péssimas críticas que sua adaptação recebeu.

* Idris Elba foi contratado inicialmente para substituir Will Smith no papel de Pistoleiro. Contudo, o estúdio mudou de ideia e deu um novo papel para o ator: Sanguinário. O intuito foi manter as portas abertas para que Smith retornasse à franquia quando pudesse.

* James Gun não teve problemas para escalar Sylvester Stallone para o papel do Tubarão-Rei: “Eu liguei para ele e disse: ‘Eu escrevi um papel para você em O Esquadrão Suicida. Não vai tomar muito do seu tempo’. Então ele perguntou: ‘É mesmo?’, e eu expliquei que era apenas um tubarão fofo que devorava humanos. Então Stallone respondeu: ‘Tudo por você, irmão’. Tudo foi acertado em menos de dez minutos".

* James Gunn queria Dave Bautista (Drax) como o Pacificador, e chegou a convidar o ator pessoalmente. Porém, o astro recusou a oferta para protagonizar Army of the Dead, de Zack Snyder, e o papel ficou com John Cena.

* A maior parte dos efeitos de O Esquadrão Suicida são práticos. Ou seja, não utilizam computação gráfica. James Gunn disse que isso foi um alívio, já que a Marvel o obrigou a abandonar os efeitos manuais na franquia Guardiões da Galáxia.




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