Resenha rápida (sem spoilers) da HQ
Miles Morales: Homem-Aranha Vol. 1 - Edição Especial - SET/2020
Super-heróis - 232 páginas/Capa Cartão - Marvel/Panini - R$ 34,90
Autores: Brian M. Bendis (roteiro); Sara Pichelli, Chris Samnee, David Marques (arte)
Edições: Ultimate Comics: Spider-Man 1-10, Ultimate Fallout 4
Prós: Bom roteiro, diálogos e arte (Sara Pichelli e David Marques); personagem principal é bem construído, tem carisma e é muito identificado com o público jovem; trama leve, de fácil entendimento e divertida de ler
Contras: A arte de Chris Samnee, em minha opinião, destoa muito do estilo dos demais desenhistas do encadernado
Nota: 4,0 (de 5)
Lançado originalmente aqui no Brasil nos títulos da linha "Ultimate", esse ótimo material está sendo relançado pela editora Panini Comics no selo Marvel Teen, um formato mais acessível e voltado para o público jovem.
Mas, se engana quem pensa que se trata de uma história bobinha ou de qualidade inferior, muito ao contrário. O roteirista Brian Bendis passou anos escrevendo a versão de Peter Parker para o "Universo Ultimate" e, ao encerrar o ciclo deste personagem, passou direto para o título do Miles Morales, o novo Homem-Aranha deste universo, mantendo o alto padrão criativo e narrativo.
Miles é um garoto normal, de origem negra e latina, que consegue entrar num conceituado colégio americano como bolsista, tem um melhor amigo nerd e um tio envolvido em roubos. Num desses "trabalhos", o tio Aaron acabou trazendo acidentalmente para casa a aranha radioativa que transformaria a vida de Miles para sempre!
Além da fonte dos poderes, o nome e o uniforme, Miles compartilha com Peter o mesmo início ingênuo e espírito juvenil, porém, atualizado para os tempos atuais. Suas "habilidades de aranha" são ligeiramente diferentes, incluindo a capacidade de emitir uma pequena descarga elétrica ao toque dos dedos (picada) e de se tornar invisível por um breve período de tempo.
Falando sobre a história, Bendis consegue imprimir um ritmo muito bom desde o início, apresentando Miles, e tudo mais a sua volta, com calma e de forma despretensiosa. Sendo assim, fica mais fácil a um fã de longa data aceitar esse novo Homem-Aranha, não como um substituto, mas como um personagem estreante. Um novo herói, carismático e divertido.
Diversão, aliás, é o que não falta na leitura deste encadernado. O tom leve e de descoberta constante mantém o interesse e a vontade de continuar, um capítulo após o outro, para ver mais.
O único momento em que senti uma queda neste meu entusiasmo foi quando, nas partes 6 e 7, me deparei com a arte de Chris Samnee, que além de mais simples (pra não dizer feia), não combina com o estilo de Sara Pichelli, essa sim muito boa, em minha opinião. Ainda bem que David Marques assume os desenhos, da parte 8 em diante, harmonizando novamente a obra, do ponto de vista artístico.
O formato, um pouco menor que o padrão americano, e o preço, menos caro e mais atraente considerando o grande número de páginas, são um acerto da editora e constitui uma boa alternativa para leitores iniciantes, ou para os que sempre tiveram vontade de ler essa fase mas ainda não tiveram oportunidade.
No momento deste review, a Panini Comics já havia lançado mais dois volumes desta série, no mesmo formato Marvel Teens, que pretendo resenhar em breve.
Veredito: Como já disse em outras oportunidades, o Homem-Aranha é um dos meus personagens de HQs preferido. E devo confessar que o mesmo lado meu que pensa que não deveria haver outro Batman que não fosse Bruce Wayne, ou outro Superman que não fosse Kal-El, também pensava que não deveria haver outro Homem-Aranha que não fosse Peter Parker. Mas a qualidade de texto e criação de Brian Michael Bendis me surpreendeu e me fez gostar demais de Miles Morales. Só isso já poderia valer a minha recomendação, mas essa pequena joia de história vai além. É algo muito bom de se ler, um "gibi legal", e talvez uma das melhores tramas de origem dos últimos tempos, e que inclusive acabou inspirando outros autores a levar Miles para novas mídias além dos quadrinhos. Um grande feito!
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