27/03/2021

Review: WandaVision


Wanda e Visão se esforçam para levar uma vida normal na pequena cidade de Westview mas, conforme o tempo passa, tudo se complica e o casal perde o controle da situação, sem saber separar mais o que é real e o que é ficção.





WandaVision - Crítica

Seja você é um fã de longa data do universo cinematográfico da Marvel, conhecido internacionalmente como MCU, ou um aficionado por séries em busca de algo novo, fácil de maratonar, e com toques de originalidade, Wandavision é, com certeza. uma boa pedida entre as opções disponíveis atualmente no catálogo do Disney Plus.

Mas o que há de tão diferente nessa série, e como ela se conecta aos eventos passados e futuros dos filmes da Marvel? 




O que houve com as cores?

A primeira coisa que chama a atenção no início de Wandavision é o formato de tela reduzido e o visual em preto e branco, algo que somado ao figurino que remete aos anos 1950, aos diálogos inocentes e ao uso do recurso de risadas de platéia ao fundo, nos transporta imediatamente ao clima de séries clássicas como A Feiticeira, Jeannie é um Gênio e I Love Lucy

A própria duração curta dos episódios e as situações cotidianas com boas pitadas de humor e soluções inusitadas quase nos fazem duvidar de que essa agradável série, que passeia ainda pelas décadas de 1960 até os anos 2000 (com episódios mais recentes claramente inspirados em The Office e Modern Family), se passe no mesmo universo dos Vingadores. Porém, logo as pistas de que algo está errado começam a aparecer e o quarto episódio começa a ligar os pontos e criar o elo de ligação com tudo o que já foi visto nos filmes dos heróis Marvel.




Feiticeira Escarlate (atenção: alguns Spoilers a partir desse ponto)

Embora o diretor Matt Shakman tenha se empenhado em criar algo diferente, situando a série em diversos mini universos, que mudam a cada episódio, é óbvio que, com o chefão do Marvel Studios, Kevin Feige, na produção, seria esperado que em algum momento tudo se encaixasse na linha do tempo dos filmes. 

Mas Wandavision foi ainda mais longe, praticamente recriando a origem de Wanda vista em Vingadores: Era de Ultron, explicando que ela não é meramente um resultado de testes da Hydra com a joia da mente, e sim um aprimoramento. Ou seja, é mostrado na série que ela já tinha poderes, que começaram a se manifestar na adolescência (alguém pensou em mutantes?), e que sua futura ligação com a joia serviu para torna-la ainda mais forte. A mesma joia que ajudou a dar vida ao robótico Visão e que foi o motivo de sua morte pelas mãos de Thanos em Vingadores: Ultimato

Mas, se o Visão estava morto, como ele voltou? Essa pergunta começa a ser respondida quando agentes da S.W.O.R.D., uma organização governamental que normalmente lida com ameaças extraterrestres na Terra, investiga estranhos eventos nos arredores da pequena cidade de Westview, nos EUA, que parece estar envolta em uma espécie de bolha ou barreira de energia. A cientista Darcy (que andava sumida desde Thor: O Mundo Sombrio) consegue sincronizar os "programas de TV" de dentro do Hex, nome dado à realidade única existente no interior da bolha, e descobre que os "atores" são pessoas reais que estavam desaparecidas. 


Através de revelações sobre Monica Rambeau (a menininha vista no filme Capitã Marvel, agora crescida), sabemos que a série se passa logo após o sacrifício de Tony Stark, que trouxe todas as vítimas do "estalo de Thanos" de volta. Wanda, enlutada e desolada pelas inúmeras perdas em sua vida, sendo a última delas a do seu amado Visão, cria um mundo só dela, inspirado em séries que ela sempre gostou de assistir e, inclusive, criando uma família inteira composta por seu marido Visão e seus filhos Billy e Thommy, que só podem existir dentro do Hex. 

No decorrer dos capítulos é revelado que Wanda era vigiada e manipulada por sua vizinha Agnes, cuja a verdadeira identidade é a bruxa Agatha Harkness. Agatha desvenda uma antiga profecia e está certa de que Wanda é, sem saber, uma bruxa lendária chamada Feiticeira Escarlate, e pretende desperta-la para roubar seus poderes. A bruxa também fez Wanda perceber que, no final, ela teria de escolher entre as vidas dos inocentes presos no Hex e a continuidade da sua fantasia de uma família perfeita.  




Luzes, show e fumaça

Com uma produção digna de qualquer filme do Marvel Studios, a série não poupa efeitos e boas cenas de ação, principalmente em seus momentos finais. A trilha sonora e a escolha do elenco também não poderia ter sido mais acertada. A estética dos episódios, que replicam diferentes épocas, com figurinos e até comerciais que passam o clima daqueles tempos, é muito bem feita.

Um pouco renegados e em segundo plano nos cinemas, Wanda e Visão tiveram a grande chance de brilhar como protagonistas aqui, e os atores que os interpretam aproveitaram muito bem essa oportunidade. Elizabeth Olsen (Wanda) demonstra todo o seu talento e versatilidade, evoluindo e se transformando enquanto esposa, dona de casa, mãe, e um dos seres mais poderosos do mundo, adequando o tom, do riso à tristeza, do amor ao ódio, com incrível facilidade. Em algumas cenas, inclusive, ela alterna entre a fala comum, americana, e uma versão com sotaque europeu, que remete ao seu local de origem de sua personagem. O mesmo desempenho é notado em Paul Betanny (Visão), que explora uma veia cômica, inédita ao personagem, acrescentando ainda mais humanidade ao que já vinha sendo mostrado nos filmes. O restante do elenco também está muito bem, com destaque para Kathryn Hahn (Agnes/Agatha) e Teyonah Parris (Monica Rambeau).

Wandavision escolheu ser exibida no formato de episódios semanais, no Disney Plus, para que fosse possível explorar a expectativa e as especulações do que viria a seguir. Realmente a estratégia foi um sucesso, e os fãs, animados com os muitos "easter eggs" e pistas deixadas pelo roteiro, começaram a formular mil teorias sobre o verdadeiro vilão da trama (muitos apostaram no Mephisto), numa introdução a um multi-verso (por conta da participação do ator que fez o Mercúrio nos filmes dos X-men), e na aparição de outros vingadores, como o Doutor Estranho. Mas no fim, os produtores e o diretor decidiram seguir um outro caminho, valorizando mais a jornada e o conflito pessoal de Wanda contra Agatha e a si mesma, e assim frustrando a muitos, que esperavam algo mais. 

Mas a série trouxe algumas surpresas sim, tais como o Visão Branco, o chamado que Monica recebe para uma missão no espaço, e a aparição do  Darkhold, um livro que ensina magia do caos e que pode levar Wanda a um novo caminho de trevas. Para não perder nenhum desses momentos fique atento às cenas pós-créditos que aparecem ao final dos episódios 7, 8 e 9. 



Personagens principais


Wanda Maximoff (Elisabeth Olsen)

Nos quadrinhos, Wanda, também chamada Feiticeira Escarlate, é uma poderosa mutante capaz de manipular magia do caos. Nos cinemas, ela se mostrou uma das poucas capazes de enfrentar Thanos diretamente. Na série, ela tenta lidar com a perda de pessoas queridas criando uma realidade utópica. 

Visão (Paul Bettany)

Nos quadrinhos Visão foi criado por Ultron como um androide capaz de enfrentar os Vingadores. Nos cinemas, o personagem também tem sua origem ligada ao Ultron e acaba perecendo nas mãos de Thanos. Na série, Visão aparece casado com Wanda, seu grande amor, e tem dois filhos com ela, Billy e Thommy.


Agnes/Agatha Harkness (Kathryn Hahn)

Nos quadrinhos Agatha Harkness é uma poderosa feiticeira que se torna amiga e mentora de Wanda no uso das artes místicas. Na série, ela aparece como uma vizinha enxerida que, aos poucos, se mostra diferente dos cidadãos caricatos de Westview, até o ponto em que se revela como a grande antagonista.  

Monica Rambeau (Teyonah Parris)

A heroína Fóton, nos quadrinhos. Na série, Monica foi a primeira agente da S.W.O.R.D a entrar no Hex e, por diversas vezes, tentou convencer Wanda a desfazer o encanto que prendia as pessoas à Westview, adquirindo poderes de manipulação de energia devido à grande exposição que sofreu da barreira.



Ficha Técnica



Veredito:

A série agrada bastante por sua produção caprichada e pela inovação que explora a versatilidade do elenco nas diferentes épocas. Porém, ao "brincar" com as expectativas dos fãs do MCU, acostumados a receber quase tudo o que esperam, a decepção com o final auto-contido acaba sendo inevitável, ainda que não estrague a experiência de ver uma trama criativa e bem amarrada. Um produto à altura do que se vê nos filmes e que certamente terá desdobramentos em produções vindouras.


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