Joe é um professor de música do ensino médio apaixonado por jazz, cuja vida não foi como ele esperava. Quando ele viaja a uma outra realidade para ajudar outra pessoa a encontrar sua paixão, ele descobre o verdadeiro sentido da vida.
Soul - Crítica (sem spoilers)
Soul, a mais nova produção da Disney/Pixar segue a linha das produções mais recentes do estúdio como Dois Irmãos, Viva: A Vida é uma Festa, Divertida Mente e, antes disso UP: Altas Aventuras (esses dois últimos os melhores do estúdio, em minha opinião), que exploram as emoções humanas e suas muitas nuances, nos levando ao pensamento e à reflexão.
O próprio título do filme, que em inglês significa "alma", e também é um ritmo musical afro-americano originário nos anos 1950, brinca com a dualidade de temas que o filme parece tratar. Será Soul uma jornada espiritual, ou musical? Ou talvez, ambas?
Criatividade e Sensibilidade
Joe é um cara que vive sua vida em busca de um sonho, até que um acidente o desvia de seu caminho bem no momento em que ele parecia estar prestes a realiza-lo. Enviado a uma espécie de pós-vida, Joe se recusa a desistir e fará de tudo para retornar e aproveitar a sua grande chance.
Nessa primeira parte do filme, o diretor Peter Docter, que também fez Divertida Mente, usa de muita criatividade e sensibilidade para criar algo semelhante ao "mundo das emoções" de Divertida Mente, com vários departamentos e protocolos que cuidam de questões como morte e nascimento, além de dedicar um cantinho àquele lugar para onde nossa mente "viaja" quando estamos fazendo algo de que gostamos muito, ou de que não gostamos. É curioso notar as escolhas de design, como os organizadores, aqui chamados de "Zé", sendo criaturas tão evoluídas que praticamente não possuem um corpo com forma definida, e o sistema de "adesivos" de personalidade que os que ainda vão nascer precisam colecionar e completar para estarem prontos a serem enviados à Terra.
Tudo isso é tratado com muita delicadeza, de forma que não evidencie crenças de nenhuma religião específica, mas agregue aos conceitos de todas. Há também um certo cuidado em mostrar o além-vida como um lugar cheio de regras e até um pouco chato, passando assim a ideia de que viver, ainda que com dificuldades, vale muito mais a pena. Isso também se reflete nas cores da animação, mais neutras no além-vida, e vibrantes quando na Terra, passando sensações bem distintas.
Uma lição de vida
A segunda parte do filme é, sem dúvida, a mais divertida e onde as crianças, de todas as idades, vão poder rir pra valer. Com a ajuda da rebelde 22, Joe bola um plano para retornar à sua vida, porém, mais uma vez, algo dá errado e uma "troca de corpos" causa uma grande confusão, com direito a muita comédia de situação, comédia pastelão, e até de "vergonha alheia".
Como sempre acontece nos melhores filmes da Pixar, o humor tem camadas e costuma agradar igualmente à crianças e adultos. A mudança não está ali apenas para divertir mas também para que Joe possa encarar a sua vida com outros olhos, percebendo coisas que antes passavam despercebidas diante de sua obsessão em se tornar um grande músico de jazz. Enquanto isso, 22 pode sentir o prazer das coisas simples do cotidiano, descobrindo assim um propósito para si própria.
E no terceiro e último ato temos a grande lição que o filme tenta passar. De que, alcançar algo que se queira muito, não vale de nada se a sua jornada até ali foi vazia. Se você não teve momentos de que valha a pena se lembrar. Se não teve pessoas para amar ou tempo para apreciar os pequenos "milagres" que acontecem todos os dias diante dos nossos olhos, tais como a admiração de alguém que lhe tenha como um exemplo, o sol e o vento interagindo com as folhas de uma árvore, ou mesmo saber apreciar o sabor da sua pizza preferida.
Mostrar algo tão profundo, de uma forma tão leve e divertida, é um dos maiores méritos dessa produção.
Poesia em som e imagem
Dizer que o trabalho de arte e animação da Pixar é o que há de melhor e referência mundial no quesito qualidade, há muitos anos, não seria novidade. Mas os já citados estilos diferentes para demonstrar os dois ambientes distintos do filme, e a representação quase real na silhueta das pessoas durante o show de jazz, é algo que impressiona. Provando que ainda é possível melhorar o que já é excelente.
A própria trilha sonora, toda instrumentada, já denota seu estilo marcante a partir da tradicional música tema de abertura da Disney e segue, pontualmente, sem exageros, por todo o filme, trazendo relaxamento ou empolgação de acordo com a cena, mas sempre com muito bom gosto e elegância.
Apesar de a música ser sim mais um pano de fundo, um troféu a ser conquistado por um protagonista com questões muito maiores a serem resolvidas, ela cumpre o seu papel com maestria. De modo que, será possível lembrar de Soul no futuro também pelas suas composições, que tão bem representam um ritmo refinado e que produziu tantos clássicos inesquecíveis em toda a sua história.
Ficha técnica
Veredito: Uma obra para ser vista e ouvida. Um filme sensível e divertido, leve, gostoso de assistir, e que ainda assim traz uma bela mensagem de amor à vida, algo especialmente relevante nesses dias em que estamos vivendo. Contando com uma animação de primeira, soluções criativas e uma trilha sonora contagiante, Soul conquistou com glória o seu lugar entre as melhores produções da Disney/Pixar e, certamente, é um ótimo entretenimento, recomendado para pessoas de todas as idades.
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