Uma emocionante homenagem ao legado de histórias do Homem-Aranha encontra uma ideia no mínimo inusitada: e se o tempo passasse e os super-heróis dos quadrinhos envelhecessem como nós, leitores? Essa obra traz isso e mais...
Homem-Aranha: História de Vida - Crítica
O Homem-Aranha é um dos personagens mais populares de todos os tempos, tendo tido nos quadrinhos, a mídia onde ele surgiu, inúmeras histórias contadas por alguns dos melhores autores e artistas que já existiram. Um bom número dessas histórias, publicadas ao longo de décadas, marcaram diferentes gerações de leitores, e até hoje continuam por aí sendo descobertas e conquistando novos fãs.
Mas, e se ao invés de continuar sempre jovem e atual, Peter Parker envelhecesse e tivesse de lidar com as diferentes fases de sua vida de uma maneira menos fantasiosa? E se outros heróis e vilões também acompanhassem essa passagem de tempo, vivenciando importantes eventos históricos, além de grandes sagas da Marvel, com a idade real que teriam quando eles aconteceram?
É um belo exercício de imaginação, e algo que o escritor Chip Zdarsky e o desenhista Mark Bagley colocaram em prática nessa minissérie em 6 partes que foi publicada na íntegra, num único encadernado, pela Panini Comics.
Cada um dos volumes se passa em uma década diferente da vida do Homem-Aranha, cobrindo quase 60 anos de sua trajetória como herói, da década de 1960, quando surgiram suas primeiras histórias, até 2019, quando essa obra foi originalmente publicada nos EUA.
A trama se inicia em 1966, quatro anos após a picada de aranha radioativa que deu poderes ao jovem Peter Parker. Um pouco mais maduro, Peter tenta engatar um namoro com Gwen Stacy, enquanto lida com o desconforto de ver heróis se envolvendo na Guerra no Vietnã, num momento em que ele próprio ainda não tem muita noção do que é o mais certo a fazer. Essas questões, um pouco mais realistas, são bastante exploradas pelo autor ao longo dos capítulos.
A seguir temos a descoberta da identidade secreta de Peter por Norman Osborn, e a perda do seu grande amor, mostradas de uma forma um tanto diferente, mas bem interessante, da original.
A partir desse ponto, Zdarsky deixa claro que os principais momentos da vida do herói estarão presentes na história, mas que o fato de o tempo estar passando de modo normal para todos, irá influenciar e até modificar algumas coisas.
Essas mudanças, que na maioria das vezes fizeram sentido e foram bem criativas, respeitam e homenageiam o material original, mantendo a sua essência, ainda que narradas de outro modo.
Grandes sagas da Marvel como as Guerras Secretas e a Guerra Civil, foram mostradas de forma breve, mas com grande impacto na vida de um Peter Parker já mais velho. O mesmo se deu com as referências à Última Caçada de Kraven, e as fases do totem aracnídeo e do Aranha Superior.
Porém, o que mais chama a atenção e causa sensações ao leitor nessa história é ver o nosso herói lidando com situações delicadas como o envelhecimento de sua tia May, a criação dos filhos, crises conjugais, crises de meia idade que fazem com que ele precise do simbionte para se manter na ativa como Homem-Aranha, entre outras, que são retratadas de modo mais "realista".
Nem todos esses momentos tem o destaque e o aprofundamento esperados, nem todos os diálogos são excelentes, e algumas atitudes do herói causam estranheza. Mas, mesmo quando o heroísmo falha, a nostalgia bate forte e tudo é construído de forma a nos emocionar, nos frustrar ou nos alegrar junto com Peter, como nas melhores histórias do Homem-Aranha.
Muito dessa emoção que sentimos é graças ao traço de Mark Bagley. O artista, que desenhou o personagem durante muitos anos, em sua versão Ultimate, sabe muito bem como representar expressões humanas e, nesse caso específico, ainda teve de envelhece-los, pouco a pouco, conforme o avanço dos capítulos. Algo que, ao meu ver, ele fez muito bem.
Ainda que não seja o meu desenhista preferido do Aranha, Bagley tem um estilo muito próprio e uma arte limpa e competente.
A produção do encadernado está muito boa, com ótima impressão, capa dura, todas as capas originais e até algumas extras, além de uma breve introdução do editor Paula França e uma descrição/resumo da carreira dos autores.
Ficha Técnica
Veredito: Sendo eu um grande fã do Homem-Aranha, e tendo lido boa parte de suas melhores sagas, gostei bastante dessa minissérie. Como se trata de uma ideia diferente, com uma proposta nada convencional, procurei encarar as soluções e adaptações do autor de mente aberta e achei que a maioria delas foi coerente com a história que estava sendo contada. Claro que houveram algumas coisas forçadas como um certo maniqueísmo exagerado demonstrado em dois conhecidos heróis da Marvel que fizeram participações, e o final, que se utilizou de um recurso apelativo e meio desnecessário. Mas, avaliando a obra como um todo, do início ao fim, considero esse um dos melhores quadrinhos do Homem-Aranha nos últimos anos, com potencial para agradar a leitores novos e antigos, que buscam algo que preserva as raízes do personagem mas ousa um pouco mais trazendo uma maior carga dramática e emocional no roteiro e na arte.
Galeria
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